Padre Giácomo Cusmano: exemplo verdadeiro de misericórdia

Publicado por: Silvia Oliveira 10/07/2016

“Seja Jesus amado por todos os corações!”

Não há como pensar em exemplo mais verdadeiro de misericórdia para com os irmãos, do que a vida do Beato Giácomo Cusmano. Conhecendo sua Obra, seus exemplos, suas virtudes, percebemos que em cada pensamento, em cada ato praticado durante sua vida, havia apenas o desejo de ajudar o irmão, diminuir seu sofrimento corporal e espiritual, resgatando sua alma para Deus. Pe. Giácomo, ao olhar para uma pessoa fosse ela doente, deformada, vestida em trapos, suja, pecadora… via apenas o rosto de Jesus, e a ela corria em socorro com carinho e dedicação surpreendentes.

Esquecia-se de si mesmo para dedicar-se ao pobre, “Os pobres!… As almas!” este foi sempre o desejo veemente do seu coração, de dia, de noite, a toda hora, assim era o seu pensamento. Não lhe era suficiente assistir os necessitados que o procuravam na igreja ou nas casas de misericórdia, andava ele à procura de outros pobres e de outros enfermos, nas ruas, casebres, na periferia, lugares escuros e assustadores, para levar a todos “uma palavra de fé, um sorriso de esperança, um frêmito de amor”.

Pe. Giácomo nasceu em Palermo, na Itália, em 15 de março de 1834, e desde bem pequeno alegrava-se na prática da misericórdia para com os irmãos. Dividia sua comida com os pobres na rua, entregava com largo sorriso suas roupas e calçados a outras crianças que não os tinham. Ouvindo o chamado de Deus para dedicar-se aos pobres sofredores estudou medicina, recebendo com apenas 21 anos de idade, a Láurea em Medicina e Cirurgia, com máximo louvor.

Adorado por professores e colegas, ele sempre considerou a medicina como uma verdadeira missão de amor, por isso, desde o início da carreira, utilizou sua profissão não para si, mas ao serviço dos outros, com piedade e reverência, vendo naqueles que socorria Jesus, doente e pobre.

Embora exercendo sua profissão com espírito apostólico, em dedicação incondicional ao pobre, sentia em seu coração que Deus o chamava a algo mais. Tendo encontrado em Pe. Turano, sacerdote humilde, sábio e piedoso, o diretor espiritual seguro, deixou-se guiar por ele para outro caminho: o sacerdócio. Assim, aos 22 de dezembro de 1860 foi ordenado sacerdote. Nas palavras de Pe. Giácomo a síntese de sua vida: “Chamado na última hora e elevado, por vontade de Deus, ao sacerdócio, senti em minha alma o desejo de consagrar-me aos pobres, fazendo minhas, as suas misérias, para afastá-los dos seus sofrimentos, aproximando-os de Deus”.

No exercício de seu amor incondicional pelo pobre, idealizou uma Obra que, despertando o espírito da verdadeira caridade, pudesse irmanar pobres e ricos e contribuir para a solução cristã dos problemas sociais. Pretendia que o exercício da caridade pela doação de bens por aqueles os possuíam, em favor daqueles desamparados, pudesse salvar a um só tempo miseráveis e misericordiosos, pobres e ricos.

A Providência lhe indicou como o seu ideal tornar-se-ia realidade. Um dia, encontrando-se na hora do almoço na casa de um amigo, ficou surpreendido por um notável ato de caridade: cada um tirava um bocado do próprio prato e o colocava em outro prato posto ao centro da mesa, que ao fim da refeição era entregue a um pobre que esperava à porta. Assim, em 21 de fevereiro de 1867, teve início a maravilhosa Obra, da qual poderíamos dizer também misericordiosa Obra, chamada “Bocado do Pobre”.

Por algum tempo, ficou sozinho nesta vida de mendigo à porta dos ricos, e de dispensador de caridade aos pobres. Depois, como o número de assistidos crescia dia a dia, uniram-se a ele, um bom número de leigos, sacerdotes e boas senhoras. Para seguir com os trabalhos da Obra, que estendia seus braços cada vez mais ao longe, Pe. Cusmano fundou em 23 de maio de 1880 a Congregação das Irmãs Servas dos Pobres.

Com o crescente número de órfãos e pobres a serem atendidos, fez-se necessária a instituição, aos 4 de outubro de 1884, da comunidade dos Irmãos Coadjutores Servos dos Pobres. Desta forma, em sua imensa dedicação aos pobres, Pe. Giácomo havia instituído em favor do “Bocado do Pobre” a congregação das Irmãs e sucessivamente aquela dos Irmãos, mas ainda faltava, conforme sua ardente vontade, uma comunidade de sacerdotes, Padres Missionários, os quais viriam para consolidar e fortificar a Obra, dirigindo espiritualmente as duas comunidades já existentes, e ainda, servindo e evangelizando ricos e pobres. Assim, a 21 de novembro de 1887, o Servo de Deus entregou o Crucifixo aos primeiros Padres Missionários Servos dos Pobres.

A extensão da Obra do Bocado do Pobre foi e ainda é vastíssima, em diversos países. Inúmeras Casas de Misericórdia em atendimento aos pobres foram criadas e mantidas, entre estas, orfanatos, asilos, hospitais, refeitórios, associações, a colônia agrícola, tendo sido abrigadas e atendidas muitas pessoas.

A 14 de março de 1888, com apenas 54 anos de idade, faleceu de aneurisma Pe. Giácomo Cusmano, benfeitor e inigualável homem misericordioso, como Jesus mesmo o fora. Com o reconhecimento à sua vida santa, na caridade operosa e sem limites, foi declarado beato por João Paulo II em 30 de outubro de 1983.

Para concluir esta breve apresentação da vida do Pe. Giácomo gostaria de meditar sobre a ligação mística entre o “Bocado” e a Eucaristia, servindo-me para isto das palavras do Pe. Francesco Capillo: “Este nome misterioso de “Boccone del Povero”, sob o qual nasceu a Obra a benefício dos infelizes, veio da ideia da Santa Eucaristia, deste sacramento divino de amor, por meio do qual Jesus Cristo, tornando-se Pão de Vida Eterna e comungando na fração deste com os pecadores, os verdadeiros pobres, porque privados dos bens eternos, vem procurá-los, tirando-lhes a fome de estranho e danoso apetite e nutrindo-lhes do verdadeiro alimento que dá a Vida Eterna. De modo que o “Boccone del Povero”, no primeiro entendimento, é a Santa Comunhão, (…) e assim, avizinhando os ricos dos pobres, une todas as criaturas no vínculo da caridade, que vai formar a Eterna Beatitude dos eleitos”.

Não há como apresentar toda a vida deste Servo de Deus e sua Obra em tão poucas linhas, por isso leitor, o convido também a ler os livros produzidos pelo nosso seminário, os quais trazem, em ricos detalhes, o exemplo, as lições, os conselhos, experiências de vida e misericórdia, que nos foram deixados, como uma bênção especial, pelo Pe. Giácomo Cusmano, Pai dos Pobres, Servo de Deus. 

Aproveitemos este Ano Santo da Misericórdia, assim declarado pelo Papa Francisco, para conhecermos e praticarmos obras de misericórdia, como àquelas ações nas quais se fundamenta o “Bocado”. Em nossa comunidade paroquial existe a Obra do “Bocado do Pobre”, grande bênção para nossas vidas a oportunidade de participar, como se estivéssemos à presença do Pe. Giácomo, ouvindo a sua voz, ao seu lado na prática da caridade e da misericórdia como foi sua vontade. Junte-se a nós nesta caminhada. Você também é convidado a fazer parte desta família Cusmaniana, seja como leigo atuando com o Bocado do Pobre, seja na Vida Religiosa, pois disto depende a continuação da Obra, na promoção da dignidade humana e cristã.

Conheça a Associação Giácomo Cusmano.

Cintia Maria Ribeiro Secco | PasCom São José Trabalhador

Texto baseado nas obras “Giácomo Cusmano” e “Quando a Vida se Faz Doação”.

Oração ao Beato Giácomo Cusmano

Ó Bem-Aventurado Pe. Giácomo Cusmano, pai dos Pobres e dos infelizes, que socorrestes nesta vida todos os necessitados que a Vós recorriam, vinde em nosso auxílio: por vossa bondade não nos abandoneis, mas intercedei por nós ao trono de Deus Pai e concedei-nos pelos Méritos de Seu Filho, Jesus Cristo, as graças que Vos pedimos.

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