Jubileu 2017 | 150 anos do Bocado do Pobre

Publicado por: Silvia Oliveira 27/12/2016

A obra do bocado do Pobre nasceu em Palermo, na Sicília, no ano de 1867 e em 2017 completará 150 anos de história, aproximando ricos e os pobres através da caridade.

A história do Bocado do Pobre começa com um jovem altivo, chamado Giácomo Cusmano, que viveu em Palermo, na Sicília italiana, num período de grandes crises da Europa, especialmente na Itália.

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Formado em medicina, o jovem Cusmano começou a carreira indo ao encontro dos doentes e atendendo de casa em casa, o que deu a ele um panorama dinâmico das desigualdades sociais e dos problemas que assolavam o povo da sua região.

No início da segunda metade do século XIX a Sicília vivia uma instável situação política, especialmente pela disputa armada travada entre aqueles que defendiam a Unificação da Itália e os que queriam a permanência da região como dependente à dinastia dos Bourbons.

Nesse período de instabilidades e de disputas político-econômicas os pobres viam ainda mais agravada a fome e a miséria, sendo esta a realidade que o médico Giácomo Cusmano presenciava no exercício de sua profissão.

Inquietado com esta situação e compadecido com a pobreza material e moral daquele povo, o exemplar médico entendeu que poderia fazer mais que curar os corpos, poderia também curar as almas. Nascia assim a vocação sacerdotal: movida pelo intenso zelo aos mais pobres e desamparados.

 Ordenado padre em 1860, Giácomo Cusmano exercia seu ministério como médico do corpo e da alma, mantendo aceso em seu coração a necessidade de fazer algo maior para cuidar dos pobres. Humilde e zeloso com o voto da obediência, Pe. Giácomo insistia com seu diretor espiritual para que aprovasse uma obra de caridade que trouxesse um alento aos pobres que atendia como sacerdote.

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Monsenhor Domênico Turano resistia com a aprovação da obra porque via dificuldades para os anseios do seu dirigido: a grande demanda dos pobres e poucas pessoas dispostas a ajudar.

Entre a ordenação sacerdotal e o início da obra foram sete anos de intensa inquietação do Pe. Giácomo, que só fazia crescer em seu coração o desejo de fazer algo a mais para as famílias carentes. Nos anos de 1866 e 1867 a crise econômica na Sicília se intensificou, desemprego, revoltas armada; os jornais vinham diuturnamente anunciando a situação de miséria do povo, famílias inteiras dizimadas pela fome.

Uma dessas reportagens trazia a notícia de duas pessoas que haviam falecido em duas famílias de Palermo, vítimas da fome. Pe. Giácomo vai imediatamente até seu diretor espiritual e implora a aprovação da sua obra de caridade. Vendo a insistência do padre e reconhecendo a vontade de Deus em seus projetos, Monsenhor Turano aprova a obra do Pe. Giácomo Cusmano que corre imediatamente ao encontro daquelas duas famílias a as atende com alimentos, roupas e carinho de um servo de Deus.

Para o modelo de funcionamento da associação, Padre Giácomo se baseou em uma experiência que presenciou na casa de seu amigo Miguel de Franchis; era a hora do almoço e cada familiar que estava à mesa tirava de seu prato um bocado de comida e formava um novo prato que era disponibilizado para um pobre que batesse à porta.

A partir desse modelo o padre pensou: se cada família de Palermo fizer isso é possível acabar com a fome. Nascia então o Bocado do Pobre a 21 de fevereiro de 1867. Primeiramente coube ao Pe. Giácomo a tarefa de buscar o bocado nas casas daqueles que podiam ajudar, subia e descia as escadas e ruas da cidade até ter alimentos suficientes para os seus pobres. Porém, seria humanamente impossível atender à grande demanda sozinho e mais pessoas se fizeram necessárias para levar à frente tão grande empreitada.

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O Bocado do Pobre foi crescendo e os primeiros anos de atividades foram junto à Igreja dos Santos Quarenta Mártires, onde Pe. Giácomo exercia seu sacerdócio. Em 1868 a obra recebeu a aprovação do Papa Pio IX e se tornou uma associação querida pelo povo de Palermo.

Em 1880 foi fundada a Congregação das Irmãs Servas dos Pobres, em 1884 foi dado hábito aos Irmãos Servos dos Pobres e em 1887 iniciou a primeira casa destinada à formação de sacerdotes Servos dos Pobres.

O maior objetivo do Bocado do Pobre é a aproximação de ricos e pobres através da caridade, resumido numa frase do fundador: “não queremos a caridade do ouro, mas sim o ouro da caridade”. Assim, a obra foi instituída não somente para quem recebe, mas também para possibilitar a doação daqueles que têm.

Leandro Pereira | Seminarista em Curitiba

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Fotos | Missa Solene de abertura do ano jubilar dos 150 anos da Obra do Bocado do Pobre



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